No ano passado, durante os meses de junho e julho, tivemos uma amostra da for\u00e7a das redes sociais. A s\u00e9rie de protestos, originalmente sobre o aumento de R$0,20 nas passagens de \u00f4nibus, foi orquestrada na internet. Ap\u00f3s o impacto inicial causado pelas depreda\u00e7\u00f5es e pelas greves, as manifesta\u00e7\u00f5es ganharam um novo direcionamento. Com outras propostas, trazendo \u00e0 tona a quest\u00e3o dos gastos com sa\u00fade e educa\u00e7\u00e3o, a Copa foi um dos maiores alvos de cr\u00edticas. Vimos redes sociais entrando em ebuli\u00e7\u00e3o, entre as principais, Twitter<\/i> e Facebook<\/i>. O \u2018Vem pra rua\u2019 tornou-se um slogan assim como \u2018O gigante acordou\u2019. Por um breve momento, uma grande parcela de jovens, at\u00e9 ent\u00e3o indiferentes \u00e0 pol\u00edtica, posicionou-se sobre o assunto, exigindo grandes mudan\u00e7as. A efervesc\u00eancia foi uma pequena amostra do que \u00e9 poss\u00edvel com o engajamento atrav\u00e9s da internet.<\/p>\n

Neste ano, a Copa, t\u00e3o mal falada anteriormente, bateu recordes nas redes sociais. O Mundial realizado no Brasil foi bem recebido, ainda que alguns protestos tenham acontecido. O sucesso do evento tamb\u00e9m se deve \u00e0 internet. No site de Mark Zuckerberg, foram geradas mais de tr\u00eas bilh\u00f5es de intera\u00e7\u00f5es (coment\u00e1rios, curtidas, posts) relacionadas \u00e0 Copa do Mundo. Durante a final do Mundial, entre Argentina e Alemanha, o Twitter<\/i> bateu recorde de tweets<\/i> por minuto. Ao todo, foram 618.725 postagens por minuto, batendo o n\u00famero anterior de 580.166 durante a partida entre Brasil e Alemanha.<\/p>\n

Exemplos como esses mostram que al\u00e9m de vivenciar a hist\u00f3ria, podemos registr\u00e1-la atrav\u00e9s de posts, falando o que sentimos ou pensamos sobre aquele momento. Talvez ainda n\u00e3o se compreenda a dimens\u00e3o de que estamos presenciando a hist\u00f3ria sendo escrita ao mesmo tempo em que acontece. Embora os meios de comunica\u00e7\u00e3o tradicionais tragam muita informa\u00e7\u00e3o, \u00e9 na internet que temos um conte\u00fado completo e imediato.<\/p>\n

Da mesma forma em que um conte\u00fado positivo \u00e9 disseminado, eventos negativos tamb\u00e9m ganham repercuss\u00e3o. No \u00faltimo m\u00eas, nos deparamos com o conflito entre Israel e Palestina. A guerra entre os povos, que se arrasta desde 1949, tem origens hist\u00f3ricas e religiosas. Assim como em outros confrontos recentes – L\u00edbia, no ano de 2012, ou R\u00fassia e Ucr\u00e2nia, que ainda ocorre no leste europeu – os males da guerra s\u00e3o reproduzidos na internet e as consequ\u00eancias recaem sobre as redes sociais. Elas, neste momento, s\u00e3o uma forma de expressar opini\u00f5es, repassar informa\u00e7\u00f5es e interagir sobre o que vem acontecendo na Faixa de Gaza.\u00a0 As rea\u00e7\u00f5es do confronto, que teve in\u00edcio no fim de junho com a morte de tr\u00eas jovens israelenses, t\u00eam reflexos nas redes sociais.<\/p>\n

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Israel tem sido muito criticada pela ofensiva em Gaza. A tr\u00e9gua, que durou tr\u00eas dias, parece ser o cap\u00edtulo final do confronto que acontece desde o fim de junho. Ainda que ambas as partes estejam dispostas a selar a paz, os israelenses saem do epis\u00f3dio bastante criticados nas redes sociais.<\/p>\n

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Certamente, estas quest\u00f5es, que vem de d\u00e9cadas, n\u00e3o ser\u00e3o resolvidas, vide a \u201cprimavera de 2013\u201d. Mesmo assim, isso permite que se crie esperan\u00e7a sobre tais temas. Ap\u00f3s diversas na\u00e7\u00f5es, entre elas o Brasil, se declararem contr\u00e1rias \u00e0 postura de Israel, negocia\u00e7\u00f5es de cessar-fogo aconteceram entre israelenses e o Hamas (grupo que est\u00e1 no poder da Palestina). Uma tr\u00e9gua de 72 horas perpetuou e, ainda existem negocia\u00e7\u00f5es para ampliar o per\u00edodo sem tiros. As desastrosas declara\u00e7\u00f5es do porta-voz de Israel, que chamou o Brasil de \u201can\u00e3o diplom\u00e1tico\u201d, tamb\u00e9m gerou repercuss\u00e3o. Na \u00faltima segunda (11), o pedido de desculpas foi feita pelo presidente israelense. Nos \u00faltimos 30 dias, o termo (an\u00e3o diplom\u00e1tico) foi citado 17 mil vezes no Twitter.<\/i><\/p>\n

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O posicionamento a favor da Palestina \u00e9 claro. O n\u00famero de mortos em territ\u00f3rio palestino \u00e9 muito elevado em compara\u00e7\u00e3o \u00e0s mortes que tem acontecido em Israel. Isso mostra uma internet cada vez mais democr\u00e1tica. Ainda que tenham surgido exemplos negativos durante o conflito, a grande maioria torce pelo seu fim e pela paz no territ\u00f3rio \u00e1rabe. Talvez a grande li\u00e7\u00e3o, que n\u00e3o \u00e9 nem um pouco nova, \u00e9 que, mais do que uma rede de usu\u00e1rios, a internet conecta pessoas, uma rede humanit\u00e1ria. Diversos relatos, fotos, v\u00eddeos e opini\u00f5es s\u00e3o compartilhados. A instantaneidade e a escolha por qual conte\u00fado faz com que se democratize a web.<\/p>\n

Hoje, diferente de tr\u00eas anos ou cinco anos atr\u00e1s, temos em tempo real informa\u00e7\u00f5es, detalhes, pontos de vistas, que n\u00e3o eram oferecidos antigamente. As guerras do Vietn\u00e3 e Iraque perduraram por anos e s\u00f3 acabaram por conta do clamor p\u00fablico, que era contra ambas as batalhas. Com a internet, a repercuss\u00e3o de posicionamentos \u00e9 ainda maior. Entendendo a for\u00e7a da web, pode se buscar um mundo mais pac\u00edfico, com menos guerra e mais intera\u00e7\u00e3o.<\/p>\n

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